(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

9ème, 10ème: À Tout à l´heure!


Como diz a música do Chico, sobre o fim "depois de te perder te encontro com certeza, talvez no tempo da delicadeza, onde não diremos nada, nada aconteceu... apenas seguirem como encantado ao lado teu".

As melhores experiências são as que nos modificam; são legítimos "causos de amor".

Quando ainda adolescente, na época do colégio, fui às exposições do escultor Rodin (1995) e do pintor impressionista Monet (1997), no Museu Nacional de Belas Artes do Rio, não podia imaginar que aquela arte me acompanharia para sempre, com magnetismo fascinante.

Ontem no museu Rodin muito me veio à mente: o reencontro, o sentido e o poder da arte, que entranha na alma das pessoas a tal ponto que, Camille Claudel, aluna de atelier e amante do escultor, produziu esculturas tão parecidas em estilo e qualidade, que foi acusada de plágio. Camille padeceu numa paranóia sem fim, mas deixou obras valiosíssimas, como a Valsa, exposta no museu, que exprime magistralmente sua relação de amor/arte com seu professor.

Voltando a Rodin, O pensador, sua obra mais conhecida, aviva nossa responsabilidade pelo pensamento e sua libertação. No beijo, ignoramos a necessidade respiratória, pausamos o tempo, e perpetuamos o instante máximo dos amantes, que é cada vez mais passageiro na vida cotidiana.

Andei pelos belos jardins do museu e ali fiquei, deitado ao sol, numa espreguiçadeira.

Fechei a tarde tomando café no Les Deux Magots, esperando encontrar Sartre, Simone e Hemingway, como Gil, do filme "Meia-noite em Paris". Mas deparei-me apenas com alguns garçons cheios de impáfia,  que servem a um bando de estrangeiros, que lá estão para cumprir roteiro turístico.

A fama tem esse mal: desfocar a essência das coisas.

(...)

Agora, je m'en vais au vent mauvais qui m'emporte, segundo o verso de Verlaine que levo em uma Antologia. É hora de partir, ser levado pelo vento.

Estive em Paris pela arte que, nas palavras de Rodin, é "unicamente sentimento".

Assim volto, com mala (ou alma) repleta de matéria-prima: sentimento, Todo Sentimento (tal qual a música do Chico), mais feliz, mais repleto e, espero, mais poeta.

2 comentários:

  1. E como ocorre com os bons poetas, percebo que esta viagem não foi mera viagem. Foi intensa, profunda a sua experiência...foi paixão.

    Adorei acompanhar por aqui, Rodosho!

    Espero que Paris ainda inspire muito vc! :)

    Bjs

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