(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 26 de abril de 2024

empreender a vida

A vida é um empreendimento.

Pede dedicação, investimento, presença, entrega, integralidade, disposição. 

Ao colocarmos essa energia, sempre haverá bom retorno do universo. 

Se não imediatamente, é caso de esperar, contemplar, no hacer.

Logo ali na frente, alguma coisa mágica acontece.

arte

A arte nos obriga a sair do ensimesmado, ir em direção ao mundo, ao outro. 

A arte é o remédio maior para esse tempo do autocentramento.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

komorebi

todas as coisas 
desde as mais simples
me atravessam
no caminho mais curto ao largo 
da Carioca
o todo inteiro me namora
a paisagem pensa em mim
el no hacer
tão só 
perceber
ciente, por um segundo 
da magia na raiz quadrada
do mundo

terça-feira, 23 de abril de 2024

(v)ivre

"Il faut être toujours ivre. Tout est là: c’est l’unique question. Pour ne pas sentir l’horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve." (Baudelaire)



On 
ne peut
vivre 
sans être 
ivre



quinta-feira, 18 de abril de 2024

buscar-se

a busca incessante da falta
repleta 
de feliz incompletude
quem sabe 
simplesmente 
esperar

quarta-feira, 17 de abril de 2024

olho por olho

quero olhar 
pelos seus olhos
o mundo grande 
do tamanho do sonho 

olhar por você
a sinestesia colorida do findar do dia 
desde a bruma primeira
aos tantos azuis de céu e mar
e verdes emaranhados adentro d'outros

mirar, sem tempo,
a paisagem maior em que 
seu alcance arregalado 
caiba

olhar, enamorado, pelos seus olhos 
tudo que se pode ver

segunda-feira, 15 de abril de 2024

túnel novo

há um mar
no final
do túnel 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

relatividades

o sono é curto
o sonho é findo
o café é restrito

a vida é breve

(mas o amor alonga tudo isso)

terça-feira, 2 de abril de 2024

conservação

é permitido retroceder, engatar ré, retomar a estrada de chão
é permitido voltar às raízes, banhar-se no antigo rio, ainda que não seja o mesmo 
é permitido voltar a si, aos velhos gostos, resgates, projetos inacabados, poemas de gaveta, memórias 
é permitido apergar-se,  pois o afeto ata e enlaça deliciosamente 

a vida não é um imperativo de progressismo agressivo,
de atropelamento, desapego, ostentação dos bem-resolvidos-não-emocionados

a vida é vetor em si, vetor a si
ao que te apraz, conforta e interessa