(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Capitalismo número dois

Um não ama tanto quanto outro.
Sempre há quem deve mais
cuja fome é maior
cujo amor mais egoísta.

O credor come o devedor feito pedaço de pão.

Capitalismo número um

O capitalista disse à amada:

-Namora comigo um dia? Emito um título e se torna credora da minha poesia.

Percebendo intuito de lucro, ela respondeu:

-Jamais, rentabilidade baixíssima!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Impassiva

És doce
(egoísta)
doce pro teu paladar.

Um amor lúcido?
não te cabe no seio.
mão no decote:
palpitação nenhuma.

De repente, um repente aí
que domínio de cordas!
ninguém chora tua viola
mesmo nesse abraçar.

Deserto no meio
decerto: defeito!
bem no lugar de acarinhar.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sencilla

Me gusta hablar de cosas sencillas
Tan pequeñas que casi ni se oyen
Hablar del tiempo, de estrellas
del silencio de la noche

Me gustaria que fueras sencilla
Con el amor que nada espera
Poesia en los ojos
Sin deudas, sin dudas

Te espero pequeña
Llevaré tu corazón em mi mano
Tu brazo conmigo
Te haré sencilla.

[Mientras soy hombre debajo de ti
eres mi cielo, mi estrella.]

Primeiro ano, Haja Bossa!

Haja Bossa completa um aninho hoje. Verdade que sucede outro blog, novasbossas.bloger.com, que existiu de 2003 a 2008. Mas o HB é mais verde, experimental, mais produtivo, mais parceiro. Mais de 200 posts, praticamente um a cada dois dias. E tantos temas a serem explorados, sobre o que é nosso. Muito para compartilhar, aos olhos e ouvidos que nos alcancem. Ainda que seja uma troca entre nosso quinteto escritor e alguns admiradores fiéis, já terá valido a pena. Sobretudo com as bossas, que dão coerência à nossa paisagem.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Pedido

Me falta fundamento, de convencimento
Ser carecente prescinde ser convincente
tão somente te replico, e suplico por deferimento
trata-se de mais puro sentimento,
ausente razão qualquer de pedir.

sábado, 12 de setembro de 2009

Equidistante

Minha poesia decadente
inda olha pro céu e te pede
estrela
oriente do meu sentido.

Meu rio corre,
açodado:
à margem estás
reforçando o curso.

Remota.
Eu levando tudo insuficiente.

Me brotara poesia
que diz agora "espia":
teu olhar atento é sol e fotossíntese.

Eu já nem me vejo,
sem teu espelho:
moldura a mim, "Poeta",
título que me faz refletir.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Loucura!

Loucura é rasgo de realidade
em tempo certo, irrefutável:
mal perplexo, logo temente.

Certeza invejável
de cem-razões
brado tão convicente.