(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sábado, 31 de março de 2018

astronomia geral do cansaço

estrada à pasmaceira. depois de tanto tempo. no miolo do nada. alguma coisa arremete.  olhar o céu de novo dá uma puta canseira.

quinta-feira, 22 de março de 2018

ritornello

quem espera
o que alcança
apodrece a maçã
para então 
recair no desejo

quarta-feira, 21 de março de 2018

marcho em março

o alto do tempo rumou
à palavra nascente
e o amor, à galope

chego ao aconchego de uma certeza vã
mas efusivamente não estou
além do que era
ou aquém do que seria

o inter-mim há
limiar de alguém
que não vê, por bem
muito mais que desnó do meu cadarço

quarta-feira, 7 de março de 2018

insone

na derradeira hora
do quase-amanhã
aqueço o dia que foi

entrementes
semeia o sol
o silêncio
que som será

O verbo é silente; quem ladra é o homem

A escrita poderia ser esconderijo. Por mais curioso que pareça, em meio às palavras, reina o silêncio. Especialmente no interim das palavras não ditas. O que está por ser dito abriga uma infinidade de acolhimentos: é casa de amplos cômodos.

Os dizeres chovem pela cidade e não há tempo para ouvi-los. Troca-se mensagens em poucos olhares. Não se sabe o que e a quem chega.