(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)
sábado, 28 de maio de 2011
Ensaio sobre a Tristeza
A Tristeza é a honestidade das lágrimas, que desarmam a armadura da alma. Tristeza se reflete à beira do lago, solista. Então, a tristeza desobriga. A ninguém cabe o ônus de ser triste. Porque um dia, mal quista, vai embora. Se cultua a tristeza, ela floresce um livro, uma poesia, uma pintura. É feito um rio que nos atravessa e desemboca em arte. Tristeza não é bem de consumo, pois ninguém quer comprar tristeza. Vende-se o produto da tristeza, o que fez alguém chorar. Mas o olho d´água, bem do nó do peito, cada um entende como apraz. Pode ser lástima, egotrip ou borbulhão. Tristeza é água, ardente, na garganta.
Verbo definitivo
terça-feira, 24 de maio de 2011
Certifico e dou fé
Certifico e dou fé
o que não me cabe
esqueci a poesia, em remessa
com vistas ao excelentíssimo sr.
Formalismos preciosos me arrebatam
e a poesia se esvai, sem alarde:
como chegou, foi-se.
Incompossível certificar.
o que não me cabe
esqueci a poesia, em remessa
com vistas ao excelentíssimo sr.
Formalismos preciosos me arrebatam
e a poesia se esvai, sem alarde:
como chegou, foi-se.
Incompossível certificar.
domingo, 15 de maio de 2011
Nouvelle Vague
O existencialismo francês não explica os cem sentidos dos meus dias:
Je ne comprends pas!
As razões de sentir-se vão
Vão-se ao olhar, de ante-mão
à espera pelo encontro de mãos.
Je ne comprends pas!
As razões de sentir-se vão
Vão-se ao olhar, de ante-mão
à espera pelo encontro de mãos.
sábado, 14 de maio de 2011
apoético
Tenho evitado ser poeta
(esqueci meu livro no prelo)
Repilo minhas poesias,
sentí-las em pêlo.
Pretendo em vão
viver-me aos bandos
dar-me um rumo
por tantos.
Mas ser poeta é um NÃO.
Reforço-me quando nego:
minhas águas represadas há séculos.
(esqueci meu livro no prelo)
Repilo minhas poesias,
sentí-las em pêlo.
Pretendo em vão
viver-me aos bandos
dar-me um rumo
por tantos.
Mas ser poeta é um NÃO.
Reforço-me quando nego:
minhas águas represadas há séculos.
Sem eira nem beira
Sem eira nem beira
na rede deitados
soltos no céu estrelado
Sem eira nem beira
nossa prosa não arranha:
só ameaça polimento.
na rede deitados
soltos no céu estrelado
Sem eira nem beira
nossa prosa não arranha:
só ameaça polimento.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Está escrito
Está escrito:
destino é caderno de caligrafia;
vejo oráculos para não crê-los
prefiro que não advinhem meu futuro.
As tendências apontam
mas há sempre possível retorno
direções e caminhos;
certeza é só seguir.
destino é caderno de caligrafia;
vejo oráculos para não crê-los
prefiro que não advinhem meu futuro.
As tendências apontam
mas há sempre possível retorno
direções e caminhos;
certeza é só seguir.
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