(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Réveiller

Copacabana está invadida por pessoas de todos os cantos. Autoridades estimam 2 milhões e 300 mil espectadores para a queima de fogos  (que durará quinze minutos). Nestes instantes que precedem um novo capítulo de nossas biografias, pensamos sobretudo no porvir: o ano velho merece ser descartado com urgência.

Eu, aqui, penso nos minutos que me restam de 2012 e na melhor maneira de escrever sua última estrofe.

Idiossincrasia pura esmerar-se nesse arremate, enquanto a massa pensa em sonhos e realizações vindouras.

O ano velho padece, satanizado, respirando por aparelhos. Talvez alguém, humildemente, reconheça que foi um bom ano, porque trocou de carro, encontrou um amor ou um novo emprego.

Mas a esmagadora maioria dos despachantes das areias de Copacabana ofertam cobranças ao mar. Querem mais, muito mais; numa sede insaciável de demandas.

Quiçá 2013, cuja numerologia já nos faz torcer o nariz (por conta de tantas maledicências ao número 13) não seja o ano dos sonhos de todos esses que esperam e pedem.

Contudo, a capacidade de desejar transcende à realização, portanto, a frustração é virtude inerente a qualquer sonhador que se preze.

Até que 2013 desperte, desejo a todos que cuidem de 2012: ainda há tempo para que esse capítulo receba um desfecho impecável!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Fim-de-tarde

De um lado morre o sol,
em pleno verão.

Do outro, a lua cheia e pálida, aguarda sua hora de estrela.

No meio, o Cristo redimido;

e nas pedras, homens minúsculos aplaudem.

Mientras

Os casarões dos quadros,
da sala de espera do consultório médico,
não são de Ouro-Preto - já disse o Dr. -
mas de São Luis do Maranhão.

O Maranhão não está mais longe que meu pensamento:
O ano finda, a vida encurta
e os arrobos não celestam como outrora...

"Amo amar o amor"-
vaga idéia que me devora.

Sou mero espectador de mim:
desamando em lotes, à ação do tempo;
como os casarões maranhenses, ruindo na parede.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Boas Festas!

Que o Natal esteja em todos os dias
com o abraço de quem veio
e a lembrança de quem já foi
(ou não quis ficar).

Que no Natal haja sempre:
-presentes,
-embrulhos debaixo da árvore,
-bicleta,
-espera do Papai-Noel.

Que haja Natal em nossos batimentos
ainda que o pisca-pisca apague,
e esteja a ceia deposta
e os entes distantes.

Que o Natal seja presente o ano inteiro:
reiventando crianças.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sabiá_à_mente

Imagem do Google


ah, se eu pudesse resgatar minhas ignorâncias mais maduras...

e desfrutá-las de novo
como se não soubesse o gosto
como se nem houvesse o gozo

e escutasse o inaudível como a primeira audição do Sabiá

sabiamente, canto:
a ignorância é meu acalanto.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Quando eu poemo

Imagem do Google

Quando eu poemo
eu, emo,
amo a ema que há em mim:

Vejo do alto os sentimentos do mundo!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Estabilidade

"Tempos Modernos", imagem do Google.


O tempo estável: sol sem nuvens.

A vida segue estável: não troveja, paletó na cadeira, crédito consignado,
prestações em dez vezes sem juros...

Estável - quando nada acontece.

A estabilidade é um projeto de vida letárgico da geração que tem preguiça de sonhar.

Que tem medo de risco;
Que tem medo de chuva;
Que não suporta a própria dor.

Estável é quem respira por aparelhos!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sumidouro quatro

Paquequer, Rodolpho Junger

sumir
é melhor do que
ser esquecido

sábado, 1 de dezembro de 2012

Fígado

Minhas emoções corroem o fígado,
justamente órgão que não sente dor.

O hepatograma acusa filigranas
(do que ganhei e perdi)
circulam morbidamente por artérias e veias...

Sou herdeiro de mim, meeiro das comunhões que vivi.

No fígado residem meus ex-amores.

No regrets



I have no regrets:
My way is in front of my choices.

A Cura

A Cura não tem remédio.