(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Apaixonadíssimo (à futura)

Estou completamente apaixonado.
(sim, já estou.)

-onde estás, minha amada?

Asilo no peito

saudade não se ensina
o esquecimento vem e domina
deixa estar


então vira disciplina
que a mente pensa que domina;
não:

saudade é asilo no peito.
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Coração Intangível

Guardei meu coração
na estante mais alta
e já não o alcanço.
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Plano B

(Se nada der certo
e restar absolutamente
só)

Eu tento:
Amo você
Meu plano B.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

My cherry amour

A lua cheia desimporta
a quem corre pela orla.
Não a ti:

minha maré te enche a boca.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Espera



Espera-se pelo dia 

em que for;
em que puder;
em que chegar

-o dia há chegar:
e findar a espera.

esperança estrelada no céu escuro.
às vezes o bréu é puro:
café escuro;

a espera em demasia desespera.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Estação Glória


A estação que sempre foi parada,
desnecessária à vida,
hoje é caminho
que faz chegar mais cedo a casa

Dentro do metrô,
entre olhos,
a moreninha frágil.
Nosso cansaço quase se unindo.

(Estação Largo do Machado; desembarque pelo lado direito.)

Silêncio eloquente
Ela me acolhe, de espreita.
Ruborizo;
prefiro olhar eu,
sem resposta,
e compor ali

Uma voz mansa,
de pouco assunto e algum sotaque
De tato suave, mas com beijo áspero.

Ah, na Glória embarcar, sem querer partir.

sábado, 19 de junho de 2010

Sobre a busca

Os cegos buscam
mesmo tato no escuro
os cegos não se ouvem
no silêncio absurdo.

Busca borda desespero
de crédulos beirando
em encontro derradeiro.

Mas a fome não tem nome.
A fome se come:
segue sempre em busca.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pra começo de verso

Pra começo de verso,
não sei pontuar,
nem fazer aquela frase MAIÚSCULA.

Sei não, quando começa ou termina o verso.

Só sinto:
o que me atraversa o peito.

A vida escorre pelas unhas

A vida escorrendo assim
fração corrosiva dos segundos
você diz espera
e a gente s´espera sem desespero

Branda ânsia, outro desarranja
porque o tempo passa
o tempo impassa
e a gente urge!

E você segue toda prenhe
enfim,
da angústia que te enchi.

Consoada

à beira do sim,
vivo talvez
abandono convicto.

A incerteza (corrente) me arrasou.
Melhor,
pensar menos em braçadas.

Hei de me perdoar pelos meus erros,
pela minha geometria:

-quero formas imperfeitas de alegria.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

All by myself Rachmaninoff



Não está escrito nas estrelas
“Solidão” ou ”Mãos dadas”

Não há fim dos tempos a quem ama o amor.
(Nem ao florista que vive de entrega..)

Amor não é medida recíproca.
É o que se aceita;
se o punhado está a contento, então ama.

Não reclames
das filas enamoradas nos cinemas.

Tudo se copia, copiosamente;
All by myself é de Rachmaninoff
(Concerto para piano número dois, adágio sustenido)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Parecerista

Faço pareceres -nada mais poético
me parece isso ou aquilo
jogo de parecença que não finda
 
penso a vida que me parece muita coisa
eis que não sou poeta, mas
parecerista.

Amigo-do-peito

Quero ser amigo-do-peito
(teu peito)
desmamá-la pelo meio:
jamais te sair de dentro.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sincronicamente



Não sou unico fora desse tempo
de gostos antigos,

conheço tantos namorados de portão
tantos velhos ouvem sons alternativos.

tantos pensam mesma idéia
querem aquela beleza
sonham mesmo amor
(torcem na Copa do Mundo)

sincronicamente.

param
apagam mesma lua.
acordam mesmo sol.
dia-após-dia, àquela chaminé.

Perdidos lado a lado,
sem saber que estão
sincronicamente -
em fila.

sábado, 5 de junho de 2010

O enterro da musa

Bebi a musa
no rigor de inverno
desterrei ao meio
teu veneno desprezei.

Não quero saber de musa.
Não mais me usa.

(esqueçam que um dia foi, que dela falei)

Sem coroa nem côrte,
amarela jaz, defunta:
no obituário do meu esquecimento.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

I-phone-you


Alguma coisa no ar
wi-fi por você
deixa logar na sua rede

i pode, i touch, i phone you.

(e olho na sua banda larga).

Minhas ondas te querem chamar
telepaticamente,
ou via bluetooth.

Pragmatismo (poema em construção)


Meu peito não infla mais.

(só certezas menores)
O tic-tic-tac:
minuteza de esperas.

ditadura de rima!
rimas fracas, pobres:
não sei, não sei,
formar encontro de sufixos.

O mundo né doce, nem azedo.
é alegre nem triste a vida.
Sabor que não se escolhe.
(queria azedinho-doce)

mudo-mundo, ida-vida.

o universo de leis
que auscultamos inertes:
como bater do mar pelas conchas

Meu peito é balão:
festejo murcho ou cheio-descontente.

Não tenho métrica de coisa alguma.
Tantas teorias e fórmulas;
minha matemática só faz as quatro operações.

Confiei que o tempo trouxesse visão
então, achei o grau certo da minha miopia.