conforme mais vazia a casa, mais os objetos perdiam a serventia e movimento usual. a xícara, a colher no escorredor, o relógio de ponteiro parado, a toalha a secar em total desatenção: não lhes havia tempo real. lado outro, pareciam maiores os espaços e o ar flutuava leve dentre os objetos - então meros figurantes da cena. o silêncio trazia música e dança. a quase inutilidade das coisas fazia sobressair o sujeito, observador disso tudo, pelo instante em que deixava o negócio e contemplava o ócio.
(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
prana
o enluto debate a dor
por amor
à vida
pois tudo é começo
a partir da finda
à lei do necessário
por coincidência ou providência
nega o ócio
e o corpo desalma
o vazio que fica
é espaço novo à lida
a desvalida saudade
o amanhã valida
toma a tua morte como
maior lição devida
e verás o propósito do teu sol
do nascente ao arrebol
quinta-feira, 2 de setembro de 2021
loja 99
o velho restaurador da galeria Copacabana
posta o "volto já"
como se o átimo de ausência
fizesse contraste à antiguidade da mobília
nessas idas e vindas
a eternidade toma o assento centenário
e, serenamente, observa
Assinar:
Postagens (Atom)