(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sábado, 29 de setembro de 2012

4 anos do HB!!!

Dia 24/09 o blog HB! completou 4 aninhos. Já sabe alguns passos, algumas palavras...

Em quatros anos, o blog não mudou tanto. Nem a poesia que sabemos fazer.

A poesia é uma certeza muda. É uma colheita que muitas vezes não rende frutos.

O poeta percebe, capta a realidade com senso-sensorial-além-do-trivial. Não vê mágica; simplesmente atenta às entrelinhas mais insignificantes, mais singelas.

Poesia é a valorização do simples, da florzinha de calçada, das cenas que a pressa das responsabilidades não nos permite ver.

Quanto mais responsável, menos poeta se é.

E a poesia teima, como uma leitura infantil do mundo de miudezas. É a franqueza de não saber tudo; melhor: é a sabedoria de desfazer explicações absolutas, encontrar o prisma mais particular dos objetos, sujeitos, casas, apartamentos, cidades, roças, mares e rios.

O HB! não busca crescimento ou maturidade; prefere ser verdejante, inacabado, projeto que se rabisca a cada dia.

Criança que completa quatros anos e confia na sua longeva infância!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Criação

Imagem do Google


O criador cria a criatura criadora.

O homem não cria no que poderia ser:
Deus...

Deus em si:
o Homem que cria, crê.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O poema é...

O poema é...
Uma coisa curta
Curta o poema!

O curto que te corta o corte,
E explode!

Soletra,
Só letra, que dirá palavra inteira,
Sexteto e redondilha...

Curta o corte que te curta,
E transmuda.

domingo, 16 de setembro de 2012

Monoamor

Monoamor, mon amour
quero, para sempre
todos os dias
mesmíssima monotonia com você.

Meu contentamento é todo seu
a quem confluem meus rios
mesmo sem riso;
contigo hei de matar e morrer o tédio

Ouço, surdo,
teu coração dizer,
sem estéreo:

eu também, monoamor!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Poliamor

(sala de espera do oftamologista)

Você já tem programa pra hoje à noite?
(afinal é sexta-feira)
Ainda que esteja desinteressada, sua vida pode ser mais interessante...
um namorado gordo te espera...
enfim, é fim-de-semana.

Não proponho tirá-la do tédio e rotina, pra sempre;
mas por alguns minutos seremos descobertos...
Talvez você tenha um paladar inédito
tato ou eletricidade que eu desconheça...

Talvez seja só cisco no meu olho,
polén, amor
polén-amor;
poliamorismo;
porém, amor.
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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Foto de Colégio

Revendo fotos de colégio
(cuja existência desconhecia)
aponto:

o da direita, virou dentista, protético, mudou-se pro nordeste;
ali, o que gostava de física, pai solteiro, foi a Havard;
o de cima é engenheiro no interior de São Paulo;

a garota mais bonita, casou-se e embarangou.
(Ah, quanto já lhe ensaiei de poesia!)

De todos, a maioria perdi de vista;
meus amigos revejo às vezes.
Já não somos mesmos,
mas nos lembramos vivamente de quando ainda éramos.

A lembrança me é remota e presente,
uma alma estranha que invade a madrugada desse quarto.
Pergunto se sou o que pretendia, à época;
o quanto fui, deixei de ser, ainda hei...

Certo é o destino:
o que segue sem espera
esparramando o desencontro.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Astigmata

Sombra, por Rodolpho Saraiva


Eu quero um lugar:
à minha sombra.

Os raios luminosos não têm foco na minha retina,
mas além dela.

Então...

Vejo, à parte do que fui, poderia e penso ser:
uma sombra que me segue fidelíssima.

Somos cúmplices dos acontecimentos,
e tudo que assombra às claras,
acolhe no escuro.

Eu e minha sombra,
refratários ao sol
e a qualquer existência já pensada.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Encanto das pizzas


Hoje sou nobre.

Poderia estar numa creperia parisiense, mas não
na Independência do Brasil, comemorei a minha:
numa pizzaria sumidourense, uma taça de vinho da casa;

Suave, porque não consigo ser seco.

Estou longe de todas minhas bandeiras, assistindo os pavilhões da política interiorana tremularem.

Se hoje deu praia no Rio, não me importo.
Durmo tranquilo, sem o burburinho;
com a certeza de que amanhã chove, pois a seriema piou.
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Impulso.

De desespero,
o desejo
me engole
obeso de fome
e explode.

Sem pés,
pairo ao chão.