(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Mixed emotions

O desespero é a distância em relação ao sonho;
quando grito, me ouço
sinto que se aproxima:
o horizonte que me cabe nos olhos.

Meu limite é além do mar
meu amor, ultramarino
amo nas profundezas do que sou
nado, até vencer a borda.

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

9ème, 10ème: À Tout à l´heure!


Como diz a música do Chico, sobre o fim "depois de te perder te encontro com certeza, talvez no tempo da delicadeza, onde não diremos nada, nada aconteceu... apenas seguirem como encantado ao lado teu".

As melhores experiências são as que nos modificam; são legítimos "causos de amor".

Quando ainda adolescente, na época do colégio, fui às exposições do escultor Rodin (1995) e do pintor impressionista Monet (1997), no Museu Nacional de Belas Artes do Rio, não podia imaginar que aquela arte me acompanharia para sempre, com magnetismo fascinante.

Ontem no museu Rodin muito me veio à mente: o reencontro, o sentido e o poder da arte, que entranha na alma das pessoas a tal ponto que, Camille Claudel, aluna de atelier e amante do escultor, produziu esculturas tão parecidas em estilo e qualidade, que foi acusada de plágio. Camille padeceu numa paranóia sem fim, mas deixou obras valiosíssimas, como a Valsa, exposta no museu, que exprime magistralmente sua relação de amor/arte com seu professor.

Voltando a Rodin, O pensador, sua obra mais conhecida, aviva nossa responsabilidade pelo pensamento e sua libertação. No beijo, ignoramos a necessidade respiratória, pausamos o tempo, e perpetuamos o instante máximo dos amantes, que é cada vez mais passageiro na vida cotidiana.

Andei pelos belos jardins do museu e ali fiquei, deitado ao sol, numa espreguiçadeira.

Fechei a tarde tomando café no Les Deux Magots, esperando encontrar Sartre, Simone e Hemingway, como Gil, do filme "Meia-noite em Paris". Mas deparei-me apenas com alguns garçons cheios de impáfia,  que servem a um bando de estrangeiros, que lá estão para cumprir roteiro turístico.

A fama tem esse mal: desfocar a essência das coisas.

(...)

Agora, je m'en vais au vent mauvais qui m'emporte, segundo o verso de Verlaine que levo em uma Antologia. É hora de partir, ser levado pelo vento.

Estive em Paris pela arte que, nas palavras de Rodin, é "unicamente sentimento".

Assim volto, com mala (ou alma) repleta de matéria-prima: sentimento, Todo Sentimento (tal qual a música do Chico), mais feliz, mais repleto e, espero, mais poeta.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

8ème: Sous le ciel de Paris!



Sob o céu de Paris já houve muita coisa; capítulos aos quais o livro de História dão especial relevo.

Visitando o museu do exército e o túmulo de Napoleão, imaginei quantos tramas políticas, econômicas e bélicas foram dramatizadas nesse palco. Impressionantes as armaduras medievais, vestes da cavalaria Napoleônica e, até, fardas dos soldados da Primeira e Segunda Guerra.

A Segunda Guerra, por ser tão viva em registros fotográficos e vídeos, me desperta uma constante curiosidade. Especialmente com relação à França que, após sacramentar-se vitoriosa com o Tratado de Versalhes, viu brotar um violento revanchismo alemão. Para protegerem-se, os franceses adotaram a linha Maginot, um traçado de várias fortificações, ao longo dos limites territoriais com Bélgica e Alemanha.

Contudo, as tropas do Führer encontraram uma brecha nessa linha defensiva e, com apoio de tanques e aviões, avançaram até ocupar Paris em 1940, obrigando os franceses assinarem a rendição no mesmo vagão de trem usado para o armistício da Primeira Guerra.

É chocante ver a bandeira nazista tremulando na Torre Eiffel e Hitller desfilando pelas ruas.

Durante os 4 anos de ocupação, Charles de Gaulle, refugiado em Londres, comandou um movimento de libertação, "França Livre". A partir de propaganda de resistência e campanhas militares na África (especialmente Bir Hakeim), o sentimento patriótico se revitalizou, até que o exército aliado desembarcasse na Itália e, posteriormente na Normandia. Paris foi finalmente liberada em agosto de 1944.

Após essa viagem histórica, dei-me uma pausa para um chocolate quente (inenarrável) e um doce tipicamente francês, o mont blanc, na tradicional confeitaria Angelina.

De lá, circulei a praça do Vendome, o Café de la Paix e tomei o metrô de volta a Montparnasse. Aqui, me rendi a atração que sempre esteve tão próxima: subida ao topo da torre de Montparnasse, prédio mais alto da França e de onde se tem a melhor vista da cidade. Tudo bem registrado em filme e foto.

Saindo do prédio, fui abordado por um rapaz e uma moça, perguntando se eu era católico. Convenceram-me a acompanhá-los em uma reunião carismática numa capela próxima, e deram-me uma Bíblia em francês. Foram alguns minutos de cânticos muito bonitos e uma roda de orações, algo que me comoveu muito; não conhecia nada parecido na Igreja.

Ao final, trocamos contatos e saí satisfeito por travar alguns minutos de conversa com eles. 

O antepenúltimo dia se encerra visto de cima, com uma pequena pausa reflexiva, dos perigos das guerras à    essência do amor cristão.

domingo, 17 de junho de 2012

7ème: Chopin au jardin



Domingo no Parque, dia de sol. O sétimo dia foi, realmente de descanso.

Café-almoço no tradicionalíssimo Le Select, perto do hotel.

Andei as cercanias do Jardim de Luxemburgo: contemplação do quase-verão parisiense, deitado na grama. Gente por todo lado.

Em seguida, passei pelo Pantheon, onde estão restos mortais de grandes nomes da história, como Voltaire, Rousseau, Alexandre Dumas, Émile Zola, Descartes: Aux grands hommes, la patrie reconnaissant.

Meu celular toca e ofende aquele importante símbolo do patriotismo francês. Imediatamente fui repreendido por dois seguranças para que desligasse o aparelho.

De lá, fui ao museu de Cluny, dedicado à arte medieval, bastante interessante, sobretudo na seção de malhas de armaduras.

Ao final, retornei aos Jardins de Luxemburgo, onde havia um recital: Chopin au Jardin.

De volta ao hotel, quitutes por todo lado: sorbet de morango, muffin de chocolate, tartelete de nozes.

Sabores em todos os sentidos! A tarde de domingo não poderia ser outra!

sábado, 16 de junho de 2012

Tour Eiffel

Tour Effeil, por Rodolpho Saraiva


J´attend que le jour est fait
pour, au sommet de la Tour,
regarder Paris (h)ab(r)illé dans les étoiles.

6ème, Versailles: "Qu’ils mangent de la brioche!"




Sábado, acordei bem tarde. Saí do hotel quase meio dia, debaixo de chuva e sem rumo certo. Com fome, resolvi experimentar uma creperia tradicional, em Montparnasse mesmo. O legítimo crepe francês é bem diferente do nosso, mas nas devidas proporções, é delicioso.

Com o tempo um pouco melhor, e ao lado da Gare Montparnasse, decidi me aventurar à Versailles. A viagem levou 20 minutos de trem. Na chegada, encontrei dois brasileiros; seguimos conversando até a bilheteria.

O que mais me impressionou foi a grandeza do palácio, construído por gerações de monarcas para ser o mais opulento de toda Europa. Até que, com a Revolução Francesa, o povo invadisse seus portões para, sucessivamente, condenar à morte Luis XVI e Maria Antonieta.

Fiquei ali imaginando a rotina, a grandiosidade dos rituais da corte para que, de repente, a realidade ultrapasse aquelas grades douradas e ceifasse todo o luxo, inclusive leiloando-se a mobília real.

Não obstante o heroísmo daquela revolta popular, posteriormente erigiu-se Napoleão como imperador, e novos monarcas sucederam-se na utilização do palácio, alguns mais, outros menos.

Embora represente símbolo do absolutismo e de uma aristocracia alheada do sentimento popular, Versalhes encanta pela imensidão de riqueza, nas construções e nos jardins.

Depois de alguns dias de caminhadas exaustivas, meus pés calejados fizeram jus a um aluguel de bicicleta, e pedalei pelos jardins durante uma hora. Uma experiência fascinante.

De volta a Paris, curti mais o supermercado, onde comprar brie é tão trivial quanto comprar banana no Brasil.

Agora espero escurecer, para tentar subir a torre. O dia no quase-verão é longo: o céu está claro até às 22h.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

4ème, 5ème: Capital do Mundo!



Rumo certo no quarto dia: Giverny, casa de Monet. Finalmente conheci as ninpheas, os jardins, as paisagens tão vivas em seus quadros que, recentemente, foram cenário do filme de Woody Allen, Midnight in Paris.

Cheguei de trem, a partir de Saint Lazarre. Viagem tranquilíssima de 40 minutos a Vernon e, de lá, mais 20 minutos de ônibus a Giverny. 

Nos jardins de Monet, na ponte japonesa e diante das ninféias, não alcancei plenitude contemplativa duradoura, por conta da quantidade de turistas, crianças em excursão e, inclusive, vários brasileiros. É um cenário extremamente singelo, mas infelizmente não pude exigir alguns minutos de exclusividade ali. 

De volta, observei pela janela o bucolismo daquele pedaço da Normandia, com construções bem típicas. Imaginei quantas camadas de história existem sobre aquele lugar, uma malha entrelaçada de séculos de arte, amores e guerras. Refleti também sobre o isolamento do Pintor em Giverny, numa fase mais madura. Não vislumbrei quando estarei pronto para tal experiência - sou intensamente urbanóide. 

Talvez ousei minha "Giverny" precocemente para, ao final, concluir que a juventude demanda que estejamos no epicentro do movimento.

Já em Paris, passei pela Fnac. Impressionante a quantidade de livros, filmes, discos. Os franceses mantêm uma rotina cultural invejável. Embora aceitem tecnologia, não fazem fetiche a tablets, notebooks e celulares. Comprei duas antologias de poemas franceses e uma coleção de CD´s.

O quinto dia foi dedicado ao Louvre. O museu acolhe acervo de grandeza de valor e variedade histórica e nos dá a sensação de que durante muito tempo pensou-se seriamente em consagrar Paris como capital do mundo. Essa pretensão é atestada pela realidade: a cidade ostenta acervo histórico, intelectual, cultural, estilístico que desperta profundo interesse aos turistas do mundo inteiro.

Segui o dia na exposição de Henri Matisse, no Museu George Pompidou e, após, sentei nos arredores para observar transeuntes e artistas de rua.

Chego à metade de viagem, com algumas metas principais já preenchidas, mas descobrindo a cada dia novos pontos de interesse. E principalmente: o barato que é abandonar a aflição turística e respirar a rotina parisiense, como se fosse figurante, ermo num café ou praça.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

3ème Jour: Saravá Montmartre


Ainda apegado ao fuso horário brasileiro, dormi e acordei bem tarde. Preparei a mochila e parti. Mas esqueci o mapa no hotel!

Novamente desorientado, preferi começar o dia nas redondezas de Montparnasse, conhecendo ruas e comércio. Rapidamente desci ao metrô, dessa vez mais seguro, compreendendo números, cores e conexões, segui à estação de La Muette, bem próxima ao Museu Marmottan Monet. Lá encontrei um acervo bem mais interessante e abrangente do meu pintor preferido, várias telas clássicas, de Ninféias e, em especial, Impression, soleil levant. Furtivamente, saquei algumas fotografias, o que era veementemente proibido pela segurança.

À uma hora, naquelas cercanias, almocei (boa refeição, com bebida, na média dos 17 euros), e segui, por metro, ao Centro Georges Pompidou, onde há uma exposição de Henri Matisse. Mas repentinamente mudei o rumo: Opera Garnier (que estava com a sala de espetáculos fechada) e Galeria Lafayette (o tempo do consumismo parisiense, cujos preços, para conversão em real, não resultavam bons negócios).

Confiante que o dia poderia render mais, andei até o bairro boêmio de Montmartre. Supus que estava perto, passei pela histórica estação de Saint-Lazare (também retrata em tela por Monet), enfrentei chuva, passei pelo Molain Rouge e cercanias, repletas de lojas de todos os gêneros de saliência. Em uma delas, uma cafetina me abordou na calçada, insistindo para que eu assistisse ao show (20 Euros). Não inclinado, ela reduziu a 10, depois a 5. Eu disse que voltaria mais tarde. Ela retrucou, consternada: après, 20!

Meia hora depois, alcancei o bondinho que conduz à base da Basílica do Sacré Coeur. De lá, circulei o bairro, que em alguns aspectos me relembrava Lapa e Santa Tereza e,em cujas ruas transitavam intelectuais, escritores, pintores e artistas de várias épocas.

Mesmo sem saber o caminho de volta, lancei-me em um Restaurante animado, com  talentoso conjunto musical, composto por um pianista, um percussionista e uma cantora, daquelas que se reputa um talento perdido. Cantou várias boas músicas do cancioneiro francês e internacional, enquanto passava de mesa em mesa com o cardápio musical. Eu estava sentado numa mesa bem ao lado dos músicos, com um casal de venezoelanos à esquerda, e outro casal, de franceses.

Tomando por base a desenvoltura da cantora, percebi que logo seria alvo.  Pedi vinho tinto e um croque-monssieur. Quando me trouxe o cardápio musical, de duas páginas, apontei para Que reste-t-il de nos amours, de Charles Trenet. Ela empolgou-se, e vendo que eu cantarolava alguma coisa, achegou-se e me pôs o microfone. Pela dificuldade da língua, cantar até pareceu mais fácil; consegui brincar com alguns versos. Terminada a brincadeira, perguntou minha origem e  quando disse "brasileiro": pronto, comoção contagiou as mesas vizinhas. Ela eriçou-se, e sem economias emendou: "Moro num país tropical... tenho um fusca um violão... sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza".

Nesse instante, algumas pessoas próximas levantaram-se e esboçaram alguns passos, puxando-me também pois, como brasileiro, estava moralmente obrigado a demonstrar o legítimo molejo que sacode os trópicos. Hilário; tudo registrado pelo casal de venezoelanos, que bateu algumas fotos na minha máquina.

Despedi dos vizinhos de continente e de mesa e saí sorrateiramente, evitando couvert artístico mais elevado por conta da participação efusiva ou  ser compelido a comprar o CD da cantora (20 Euros!).

Saí leve, descendo as escadarias de Montmartre como se fossem as de Santa Tereza, na paz de quem, em algum momento, encontraria o caminho de volta.

Concluí que o tal do borogodó, tão brasileiro, talvez seja o recurso mais valioso dos novos tempos. Tal qual o ingrediente secreto da Coca-Cola. É como se os europeus em geral tivessem toda a história nas mãos, mas lhes faltasse um rumo de agora em diante. Portamos alguma novidade intrínseca. Um tempero, um verso final que completa e dá sentido ao poema alheio. Talvez seja: saudade, borogodó e saravá.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Paris - segundo dia

Qualquer turista em Paris já chega com um tremendo débito de pontos históricos a visitar. Minha proposta não é esgotar tudo nem seguir roteiro pré-determinado. Hoje consegui um mapa da cidade. Mas meu plano de ação será traçado com total tranquilidade.

O segundo dia foi bem repleto. Primeira andaça pelo metro, com baldeação e tudo, de Montparnasse até o Louvre (que estava fechado hoje). Segui ao Museu D´Orsay, ali perto. Pensei em tomar um taxi, mas a motorista, uma afro-descendente bem gesticulada e reconchuda, desistimulou-me, verbalizando com irreverência e honestidade, em uma mistura de inglês, francês e algum dialeto, o que, no final das contas, denotou "O mermãozinho, não vou te fazer de bobo, dar uma volta em enorme de carro, se você pode ir a pé... desce, vai lá".

Segui a recomendação, atravessei uma ponte. No caminho pedi a uma senhora para bater uma foto. Agradeci e, alguns passos depois, ela me grita dizendo que deixei cair um anel dourado. Disse que não me pertencia. Ela: "...est de l´or". Centifiquei que tratava-se de ouro, 18k. Entreguei de volta, mas ela insistia para que eu ficasse com a jóia, pois não possuia documentos e , assim, não poderia vendê-la; colocou-me nas mãos com ternura: "bonne chance". Recusei de novo pois, embora no meu país vigore a lei do "achado não é roubado", sabe-se lá qual direito penal os francesas aplicam aos espertos. Quando partia, a dona ainda teve a cara dura de me pedir um trocadinho pra comprar um sanduíche...

Segui ao Musée D´Orsay... Uma fila gigantesca, mas inefável a sensação de encontrar pessoalmente minhas telas favoritas de Monet, Van Gogh e outros.

Com tempo à disposição, segui em busca do Bateau Mouche, prum rolé no Sena. Descobri uma alternativa: o Bateau-bus, que te leva por 8 paradas históricas, com bilhete utilizável pelo dia inteiro.

Assim, passei pela Catedral de Notedame, Île Saint Louis (e aí me recorri ao roteiro de livro- me rendi ao delicioso sorvete), finalizando no Champs Elisées, onde segui direto para o metrô, por conta da chuva fina que caía.

No trem, reparo no cartaz com citação de Paul Valery: Le poème, cette hésitation prolongée entre le son et le sens. Poesia, entrementes...

De volta, finalizei o dia no supermercado, onde o trivial das prateleiras é seção nobre do Zona Sul. Queijos La vache qui rit e chocolates Lindt; cada item não ultrapassa a "bagatela" de 2 euros.

Ah, dia dos namorados, aqui, é comemorado 14 de fevereiro. Contudo, os inúmeros cadeados, com assinaturas e juras de amor eterno, que os casais prendem nas pontes sobre o Sena, reforçam que a capital Francesa é la cité de l'amour.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Paris é uma festa!

As 12 horas de vôo foram imperceptíveis. Um filme, refeição, 6 horas de sono, café-da-manhã, algumas olhadas pela janela e... Paris chegou. Ressalva a uma criança que berrou a viagem inteira (nada que protetor auricular não resolvesse) e o inquieto passageiro da poltrona de traz cutucando as costas da minha poltrona, no seu visor individual touch screen.

Recepção de Edith Piaff na esteira do aereporto, com Sous le ciel de Paris.

Busão direto a Montparnasse, com direito a chofer ouvindo alto o jogo da França contra Inglaterra, pela Eurocopa -que terminou empatado.

Se cada real valesse 1 euro, o supermercado seria um barato. Todos produtos parecem acessíveis: queijos, laticínios, molhos. Mas não há vegetais em abundância; banana praticamente não existe, artigo de luxo.

O maior barato foi ver a torre Eiffel numa tomada inesperada, distante, ao saltar da Gare de Montparnasse. Magneticamente, fui circundando ruas até chegar. Nos gramados do Camp de Mars, muita gente fazendo picnic, especialmente à base de vinho. Oficialmente é primavera, por isso muitos saem às ruas até tarde, só escurece depois das 21h. Na prática, bate um vento gelado comum nos dias mais frios do inverno carioca.

Em meio a todo esse frenessi, um grupo de quarentonas me grita: "Moço, s´il vouz plaît, une photo!", entregando-me a máquina com aflição, para que eu as fotografasse enquanto a torre piscava, o que me fez rir, denunciando nossas origens.

domingo, 10 de junho de 2012

Il Pleut

Imagem do Google


Só chuva;
nada a fazer
só:
museus e musas.

A Paris que espero
também me espera

assim seremos dois sós:
existencialistas.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

des-concordância



a concordância tem razões que a própria discordância desconhece.

entre mim e você:
um fio de silêncio que relaciona;

o avesso da palavra é o entendimento
o verso da palavra é a poesia...

(que reverbera algum som
qualquer coisa tão íntima)

a concordância é sempre singular
ainda que se queira o plural.

-há poucas caras-metades que nos compreendam
e nos des-concordem profundamente.