(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O café da padaria velha

O café da padaria velha é um produto nacional
que se coa em pano gasto sem perder aroma;
o café da padaria velha já bebeu Bilac, Dona Maria, João Pedreiro e Dr. Alcides, no intervalo da audiência.

A xícara velha já pousou em mãos tremulas, nos primeiros acordes da manhã; já ganhou carícias da mulher enamorada, que sorvia um intervalo de sonho nas burocracias diárias.

O café da padaria velha já foi colônia, império e hoje celebra a República 
nos descafeinados debates sobre a derradeira rodada do campeonato.

O café tão cúmplice, tão brasileiro
coadjuvante sem roteiro:
morre em pé,
por algumas moedas.

Por aí

Em cada beco, um bar
em cada bar, uma boca
em cada boca, uma língua
em cada língua, uma palavra
em cada palavra, um beijo

e no beijo, silêncio.

De tantas coisas, somente algumas são fundamentais;
em todo tempo, há algumas eternidades mui pequenas.

Essa saraivada de filosofias mora suspensa no ar,
no ínterim entre pegar o copo e sorver a cerveja.