(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Epifanias, grilos, bocejos

Tédio, brejo, sono...

Os bocejos anunciam epifanias

tritinam repletas de madrugada:

não durma ainda, bem, se quiser encontrá-las!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sobre tantos caminhos

Cansei de percorrer estradas longas dos meus desejos.
O final de todos esses caminhos é um abismo:
Abismam sentidos de êxtase pela chegada e, então...
Por quê percorri o caminho?

Insatisfação é aditivo.

Vamos, que vamos, que vamos, que vamos.

Tenho comigo certeza de que ainda que alcançasse a estrela mais cobiçada, não me bastaria.

Quem sabe viver seja prazer de caminhada, não de chegada ou partida.

Todos os caminhos são desalinhos de pés que não pensam: só pisam e andam alucinadamente.

Dor d´olvido

Dor d´olvido:
é doído
esquecer
(em silêncio)

Aniversário (HB ano III)

Terceiro aninho: Haja Bossa engatinha e tropeça nas próprias pe(r)nas!

(Sem cometer injustiças: o HB sucedeu outro blog, novasbossas.bloger.com, que existiu de 2003 a 2008)
 
Enxergar poesia é um exercício diário. Tal qual série de academia: às vezes bastante puxada.
 
Humanamente me curvo à incapacidade e à miopia.
 
Sempre evitei dizer-me poeta porque beiraria à jactância. É como assumir-se filósofo e patentear alguma espécie de filosofia.
 
Poeta é antes um teimoso sensível. Sensível porque é sempre capaz de perceber minúcias e sutilezas; Teimoso pois nem sempre está apto a traduzir o que sente com primor, mas ainda assim tenta.
 
Muitos poemas - e talvez os mais valiosos- decorrem do debatimento existencial. Será que devo? E o poeta faz, tirando tinta da mediocridade.
 
O quase-medíocre é o espaço mais fértil da arte. A genialidade inexiste sem ensaios.
 
Quantos textos se prestam, unicamente, a degrau de outros?
 
A poesia vive assim: consequência inevitável de todas as coisas ínfimas que nos cercam, caem do bolso, deixam de ser ditas e, principalmente, não ostentam sentido fluorescente.
 
Só por isso, o HB é um blog de poesia...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Notícias de Sumicity

Quando cheguei por aqui "chamei de mau gosto o que vi, mau gosto, mau gosto". Embora Sumicity esteja tão próxima à minha terra natal, fiquei profundamente abismado com a sensação de lonjura, resultante da pequena estradinha curvilínea de acesso à cidade; da geografia em vale, que desfavorece sinais de comunicação; e da miudeza da área urbana.

Passado algum tempo, alguns sentidos brotam.

Primeiro, é possível ficar cara-a-cara com Sabiá-laranjeira, cantando alvoraçado em pleno marco central.

Observar como se faz política e democracia numa dimensão tão micro a olho nu, mas vista de cima, traduz a legítima realidade nacional. Conforme se aproxima a eleição, surgem tapumes e canteiros de obras, e aquela pracinha esquecida finalmente vai ser reformada.

No interior, a má fé desses Odoricos beira a comédia, se não fosse a exploração do povo, em grande parte, uma orda de analfabetos, escolados na lavoura.

As ambições do povo de interior são compatíveis com a realidade: o casamento vem cedo, a prole também. A vida consiste em puxar uma laje aqui, trocar um carrinho, tomar umas e outras naquele churrasco eventualíssimo da galera.

É possível viver sem happy hour, vida de cinema, passeio na orla, programação teatral.
Talvez a vida seja rica, ainda sim, sem tudo isso.
Sem todo aquele frenesi comunicativo da capital, em mensagens de celular, curtições do Facebook, aniversário do amigo da prima do vizinho.

A vida nua e crua tem seu sabor.




domingo, 11 de setembro de 2011

Amor e seu curso

O amor vai bem...
segue seu curso involuntário
(como eu sempre quis).

domingo, 4 de setembro de 2011

Desejos e fragmentos

Umas coxas, um sorriso
Aqueles olhos.

Uns e outros adjetivos...

Quero os pedaços!

O substantivo, que perfazem, está aquém à minha ciência.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando a vida era um rio, eu nem sabia do mar

Pedras do Arpex, Rodolpho Saraiva
Hoje já sei:
não me conformo com rio
quero o mar do Rio.

quero amar.

(até cansar)