Quando cheguei por aqui "chamei de mau gosto o que vi, mau gosto, mau gosto". Embora Sumicity esteja tão próxima à minha terra natal, fiquei profundamente abismado com a sensação de lonjura, resultante da pequena estradinha curvilínea de acesso à cidade; da geografia em vale, que desfavorece sinais de comunicação; e da miudeza da área urbana.
Passado algum tempo, alguns sentidos brotam.
Primeiro, é possível ficar cara-a-cara com Sabiá-laranjeira, cantando alvoraçado em pleno marco central.
Observar como se faz política e democracia numa dimensão tão micro a olho nu, mas vista de cima, traduz a legítima realidade nacional. Conforme se aproxima a eleição, surgem tapumes e canteiros de obras, e aquela pracinha esquecida finalmente vai ser reformada.
No interior, a má fé desses Odoricos beira a comédia, se não fosse a exploração do povo, em grande parte, uma orda de analfabetos, escolados na lavoura.
As ambições do povo de interior são compatíveis com a realidade: o casamento vem cedo, a prole também. A vida consiste em puxar uma laje aqui, trocar um carrinho, tomar umas e outras naquele churrasco eventualíssimo da galera.
É possível viver sem happy hour, vida de cinema, passeio na orla, programação teatral.
Talvez a vida seja rica, ainda sim, sem tudo isso.
Sem todo aquele frenesi comunicativo da capital, em mensagens de celular, curtições do Facebook, aniversário do amigo da prima do vizinho.
A vida nua e crua tem seu sabor.
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