(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Blasé

,Impassível dor ou sereno
Sem-sabor-das-ondas
Pasmaceira, ligeira:
Pamonha, pamonha, pamonha.
Andorinha em mim da vida que poderia ter sido.
Surto: ton-sur-ton pastel.
De tom sem rubor algum.
Sem calor de grito ou rasgo.
Mudo, vermute, dorminhão.
Tédio régio, enfado sublime.

Blasé, comme je peux?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

delírios febris

A quase quarenta graus
decomposto em formas indesenháveis;
mais:
invenção da geometria,
por suor e patente.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Legado

De tudo que parte
sobra: poeira sobre a cômoda
(encobre a fotografia da lembrança).

De tudo que arde,
arrefece
a cinza que um dia foi chama.

De tudo que se deixa, legado
nem de amor ou rima:
uma semente em ti,
reflexiva.

sábado, 4 de julho de 2009

À musa-que-te-pariu

Musa, deliciosa...
deixa... ingratona!
Dona que imagino desnuda
muda, sem véu dessa falseta.

Ao léu da trombeta
parte, em parte...
queda, não arreda!
Meu gracejo é pura arte:

-Bunda que abunda, ó musa!
Minha, corrupta... arritmia... cardio-vascular.

Ela soslaia, me querendo zombetar:
"à musa-que-te-pariu, poeta."

Terno ao absurdo

Vontade não me falta
de tomar-te a mão
à meia-volta
sem qualquer explicação.

Durante tua passagem
arrebatar-te com coragem
criminosamente urdo
terno, ao absurdo.