(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sobre minha poesia

Minha poesia não diz se, quem amo;
mas que é minha intermitente chama d´ amar.
Drama franco, parola romântica
vivível pra quem se queira aventurar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mutação Constitucional

Aquele verbo que fui
agora já não quero
mudei de semântica
pois o mundo, ora, é incerto!
doído, então, peço:
outro verbo que me constitua.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quedança

La Danse, Henri Matisse


Seu quedar é diferente
mais pra lá do que pra cá
Pensa em vir na volta
e roda, só pra me brincar.

Fica assim, mais além daqui.
Um pouco ali, enviesada;
um passo atrás, e outro à frente,
adiantando ir.

E fica nessa onda,
de que vai e volta
pergunta vem, e vai resposta
Seu olho tanto brilha
que espero
na quedança ubíqua, do seu lugar.



Rendez-vous

- Que passou nesse tempo todo que não te vejo?
- Talvez o cabelo, mudei de casa, estudo alemão, a velocidade das horas...

- Essencialmente alguma coisa mudou?
- É... não, na verdade, não.

- Então deixemos passar mais tempo pro reencontro.

domingo, 22 de novembro de 2009

Desconcerto dos sentidos

Ritratto dei duchi di Urbno, Uffizi, Rodolpho Saraiva


Só te gosto insegura,
sem curso;
não por vaidade,
mas por lirismo.

Quero correr atrás dos teus olhos, fugindo....
Prefiro que nem olhes;
deixa que busco.

Os desencontros, os silêncios todos
são mais pura poesia,
que nada mais é
que desconcerto dos sentidos.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

diz espero, amor sincero

Espero o diz espero
dum amor sincero
Colhido no pé
inda verde

Nosso sentido
há de ser prévio
Dizer-nos-emos, de antemão:
-nosso amor é déjà vu de outroras!

Quero amar sem rimas
(desafinando, descombinando, ululando)
chorar descontido, e beijar incontinenti:
quando der vontade, feito adolescente!

Tomar as mãos, e dar-te à volta
por apreço,
sem qualquer paúra da gente se perder,
com ternura até o fim
(e depois dele).

Tão só, um beijo

Quando ficamos
e tu me dizes
"É só um beijo"
Fico assustado!

Um beijo é tanta coisa!
Cartase silente.
Pausa no tempo:
e levas meus lábios contigo.

Vejo teus olhos cerrados,
como te concentras!
Cres naquela infintude
E me dizes: "tão só um beijo"?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pleonasmo

Dizer eu te amo
Duas vezes
Não é pleonasmo
É reiteração

Assim como:
“estrela no céu”
Quando se crê
Em estrela na terra

Muito menos: “céu azul”
Pois há dias em que o firmamento
demanda muita teimosia!

-Digo:
Nem toda flor é bonita;
nem todo sentido tem uma razão.
E nem tudo que se parece é redundante

Amo-te cada dia
Com o encanto novo
Duma novidade
Que sempre me surpreende.

domingo, 8 de novembro de 2009

Siqueira Campos

Rua que corta
aorta suja do rio:
esgoto corre
pessoas lá e cá do metrô
ônibus e moto-taxi
almas além do São Sebastião,
dark penadas à fosfo-night...
que medo dos Tabajaras...
mas no Peixoto há serena-paz.

coisas sujas e mais lindas:
bem no vértice do Cristo!

sábado, 7 de novembro de 2009

Cardiopata

O que arrebate meu peito?

penso, ao meu respeito...
uma inspiração,
faz veemente o coração!

se inspira aquela essência_eterna
que ao borde da noite visita
e salutar faz que palpita
[forjando que vai parar]

só cardiopata de mentira
vício-prazer de m´inspirar.