(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

bonsense

Imagem do Google


tudo flui
pra lugar nenhum
quando o sentido me arrota

o mar é
maré de ausência em mim
onda ainda
que arrasta a ode que me acorda

encore
ancora
com corda
de acordo com meu porto
morto de mar
atraco afim 
no fim 

do que me transborda

vou afim
vou ao fim
vou em mim

tudo é rastro
e volta.

natal mnemônico

"Bébé ou Naissance du Christ à la tahitienne", de Paul Gauguin


quantos natais desde aquele Natal?
quem circundava aquela ceia?
quem são aqueles vizinhos?

pois, de repente, passaram-se anos
entre a foto amarela e a digital
a distância curta de uma década

imagino os presentes, as receitas antigas, os velhos quereres de réveillon...
(já não saberia sonhar como outrora)

mas afinal
sou ainda o mesmo

agora
carrego restos dos que não estão
(poucos)
e consigo me olhar com certa ternura

era errante
e só errante erra

perdoar-me tardou mais que uma confissão
(se jogasse a Deus os meus pecados...)

que pecados?

domingo, 21 de dezembro de 2014

love will tear us apart again

amor, amora
mûre
madura

é melhor no pé
do que na boca

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

reticente

sinto reticências no sentido
querer-te não é pontual;
é um rastro que fica,
esperando estar de novo:

retissentir...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

luzes de Natal

luzes reluzem
há um brilho no olhar
ou brilho a me notar?

...

o Natal se aproxima mas
Papai Noel não existe.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Amesterdão


Red Light District, por Rodolpho Saraiva

Amsterdão é terra do sim, irmão 
porém, "nem tanto ilícito me convém"
apitam sonoros bonde e bicleta 
sobre os perigos das vi(d)as livres

Amsterdão também conhece o não:
vento bem gelado
que faz o bike-taxista sonhar o Brasil
de gente e clima quente
como Nassau um dia o fez

contudo,
alguns nem sabem que Amsterdão tangeia esse fluxo:
atracam barcos e nos canais resolvem morar