(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O impressionismo e a modernidade

Impresion, Soleil Levant, Monet

o impressionismo me impressiona
minhas impressões se renovam

moderno é o que me trova

imagino o que sou diante da arte:
refém da luz que furta a cor ao cair da tarde

sem alarde, então me arde:
paisagem eterna, que eternece minha vontade
imagem quase imaginária...

- a impressão do sol que se levanta é o que me faz de pé

O Poeta e a Cidade


O poeta habita o concreto.

Só assim suas abstrações tornam-se tangíveis.

Entre tantos, em carros, ruas, pontes, viadutos
Pontos de ônibus, estações de metrô,
Bares, cafés, praias e praças... multidões.

Caminha o poeta solo, no seio disso tudo
no seio dissoluto, carrega campos verdes.

O poeta é raiz quadrada,
Transeunte na calçada;

-Uma equação verde!

Curto e compartilho



O poema é curto,
meu curto;
por isso curto

e compartilho.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Idiossincrático número cinco

Reclamo,
Pois o reclame é meu anúncio
E só por anúncio eu me vendo.

Sou, sim, uma catarse que vaga.

Desafirmei meus gostos
Desatei minhas certezas
Hoje só tenho um sabor:

Do vento.

Vento que me venta,
arrasta feito folha gasta pela rua.

Se um dia já fui de árvores
Hoje prefiro raízes...

Tubérculo, à beira de me enterrar em alguém.

-A melhor sepultura do mundo é a mulher amada!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Auto-ajuda


Os livros de auto-ajuda empilham-se.

Serei feliz?
Que faço eu do mundo?
Como conquistar alguém?
Posso alcançar sucesso profissional?

Mil e uma maneiras de consertar-se ou aceitar-se errado.
Trezentas mil dicas para que você seja Você mesmo.

Nas estantes largas
aguardam afoitos
leitores desesperados.

Estes livros não se ajudam?

Afinal, de onde vem a Ajuda?
De si, de Deus, ou de alguma mão estendida?

Ajudar-se é a pretensão mais canalha dos nossos tempos!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Poeta e o detalhe

O poeta se interessa pelos detalhes que o detalhista não vê.

sábado, 13 de outubro de 2012

ágora

TUDO tem a sua hora;
eu não:
tenho tudo AGORA.
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Rua Boa Ventura Thomaz Fagundes



Minhas remotas aventuras de infância tinham endereço:

Rua Boa Ventura Thomaz Fagundes,
número 131.

Já fui homem-aranha, ninja, herói-japonês;
experimentei a vilania experimentalista de infante;
brinquei castelos, esconderijos, armadilhas.

Tudo que sou remonta o que poderia ser naqueles tempos
nos velhos tempos das Boas Venturas Thomaz Fagundes.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sem-teto

Sou um causo sem casa.
E me causo um mal que me habita:
de não habitar casa alguma.

Ao revés: tenho hábito de habitar a luz da rua.

Meu pernoite me desacolhe, olhando postes e calçadas
que não me dão boas vindas...

Caso meus causos,
e não caso em casa alguma.

Tenho um sonho de morar num lugar
onde as histórias me cheguem pelo Correio.

domingo, 7 de outubro de 2012

Demo_cracia

O povo quer, o povo fala, o povo dita
E carrega bandeiras sem cores,
num causo sem causa.

A lei seca não vige;
então, o povão se inebria,
cheio de si...

A boca-de-urna não mente:
invente um candidato de última hora e confirme.