(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ei, como estão as coisas aí na frente?

Aproveitando o gancho de reflexões de final de ano, essa semana recebi um e-mail, de mim mesmo, pelo site "Futureme.org". Há um ano e meio atrás, enviei-me uma mensagem, perguntando como estariam as coisas em 30 de dezembro de 2010. Fiz votos e manifestei algumas expectativas.

O mais legal de tudo foi a sensação de encurtamento temporal quando li:

"Dear FutureMe,


Rodolpho, te escrevo do dia 29 de junho de 2009. Hoje faz um dia lindo de inverno aqui no Rio (...)
O engraçado, é que parece que tudo que incomoda tem uma origem comum, se você for verificar. A pedras no sapato do colégio, faculdade, e pós-formado são as mesmas. E a gente muda com o tempo, mas não do modo que idealiza, caso projetasse.
Não sei que louros ou pesares você terá passado quando receber essa mensagem, mas digo que estamos unidos. Se o sentimento de solidão tantas vezes nos desola, já que as pessoas queridas não nos pertencem, por outro lado alivia pensar que não somos um somente, mas bilhões, um em cada átimo da existência, formando um exército em defesa de si mesmo.
Sentir multiplicação em tempos sucessivos é tamanha, que beira a concomitancia de vários entes. Quase crusei comigo mesmo, de um segundo atrás, ao atravessar a Siqueira Campos.
Mas com você preferi que o encontro demorasse mais um pouco, pra causar surpresa, espanto. Queria te pegar desprevinido, esquecido, e aí te rememorar essa sensação fabulosa da coexistência múltipla.
Foi muita física, mas de coração.
(...)
Abraço profundo, e toda força a você e nossos futuros,
Rodolpho"

Esquecemos, por lapso, que somos continuação de nós mesmos. Uma vez li em Logosofia uma expressão interessante "herança de si mesmo".

Essa constatação trouxe responsabilidades, mas também alguma segurança.
 
Embora nem tudo venha na medida exata do querer, temos o poder do "se".
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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Por meu copo de chá

Saltita - o medo que me hesita
o que resta da vida, finita
é brasa:
bituca de cigarro pela janela.
(Meu copo de chá verde escreveu isso)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Amor absoluto

Amo-te de todo jeito
como me amas
éramos ardidos como pigarro
e já solto catarro:

somos riso.

Cintila do céu sereno,
véu que nos cobre de fantasia.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Assemia número três

tantas caras sorridentes
tantas mentiras pálidas
bocas que abrem sorrisos brancos
soltam anglicismos que dizem coisa nenhuma

Temos direito de ser livres
Temos direito de gostar de rock progressivo
Temos direito de vestir estilo
Temos direito de lutar por algum "ismo"

Somos a forma pela fôrma
óbvio por metáforas
conteúdo fluído em continentes
conectados o tempo todo, por um fio:
prosa abreviada.

Somos carentes de sentido, por isso posamos de babacas
Somos distantes dos vizinhos, por isso amamos alguém no leste-europeu
Somos desumanos, por isso fazemos doações 0500

Corações repletos de velha assemia, na nova década do milênio.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ano findo reflexões à tona

O ano findo e reflexões à tona. Aquela listinha de desejos, as roupas íntimas coloridas, simpatias... fizeram efeito? Vale a pena repetir os rituais ou inová-los? Fato é que nada disso importa. Toda passagem é formal sem convicção de mudança. Nem sempre mudar é uma necessidade. Às vezes é bom continuar como está: a inquietude do mundo não pode nos abater, e por nossos castelos em questão. Mas se o coração canta, é tempo de transformar. A novidade é uma pérola rara, combinação mágica de esforço e acaso. Digo: princípio da mudança é movimento, ainda que despropositado. Vale rodar o quarteirão, tão só. Whatever works? Não necessariamente algo acontece. Mas acredito no princípio do movimento. Se o planeta, em rotação faz dia e noite, e translação, estações do ano, nós, de igual modo, ditamos algum ritmo. Particularmente vivi mudanças significativas. Não acho que resultaram de um acerto. A mudança é acidente da vontade, porque nunca vem na medida exata do que se quer. Chega parecido. Por isso, é acidente e, como tal, a preocupação maior não é com acerto, mas com a tentativa. Tentar insistentemente, aceitando errar. A vontade otimista de morrer tentando: isso sim é a vida. Não vale a pena esperar por linha de chegada, pois o fim de um ciclo é impulso para outro. Nossos quereres são infinitos e a satisfação sempre estará aquém. Então vale a pena viver o sonho aos contos, na tentativa errante, de viver feliz tentando. A realização é mero detalhe!

Erro é mais humano que acerto. Acertar é coisa dos Deuses!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Gitano

Mi corazón gitano
rumbo del tiempo:
sin ayer, hoy, mañana
sigo mientras.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

fadiga poética

Valeu-me umas notas, tostōes no bolso. Tocado feito gado, nos primeiros raios da manhã. Terminava meu dia suspenso na perimetral, flutuando na baia de guanabara laranja. Minha tarde teimava em ser longa. Meu pensamento se estreitou com os muros. Só havia amplidão em alguns segundos, naquele largo do porto. Mas meu corpo cansado desatendia minha inquietude poética: joguei muita poesia pela janela do ônibus.
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ex-péra

Quando menos espera
A hora chama
Quanto menos se quer
Mais se ganha
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Smoke gets in my eyes


Segunda-feira póstuma
aos olhos marejantes
que espiam longe...

o continente, linha imaginária
o pontilhado de montanhas ínfimas
minh´alma, de cor, remota:

-A melhor percepção da vida é nublada!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cada macaco pulando seu galho

Tudo repassa, o barato é não morar
Pular de bugalho em alho, até desinteressar

Não ter endereço;
Nem dormir naquele quarto de janela ao céu estrelado.

É desconfortante inspirar
A inquitude ínsita das coisas.

Viver é bom:
No prazer de querer partir.
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