(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Nefelibata
O céu carregado de sutilezas delirantes fazia brotar estrelas póstumas, de seis pontas: uma lembrança, um esquecimento; assim sucessivamente, até que formassem três pares antagônicos. E o menino observava o fenômeno, atento à distância, mas sem aferir o tempo. Sem saber do tempo, a regência mor do universo. Sempre à beira do abismo do subsequente: um dia acaba. Precipício. Mas o tempo também é ficção. A estrela que brilha cá se apagou em algum lugar. Mas, como saber? Vale, então, ser nefelibata. Alheio à precisão da matemática, acreditar que o feixe alumia perene, a partir de uma certeza doutro plano. Crer que a realidade é só uma massa de modelar, a serviço da invenção. E, assim, sigo convicto nesta constelação a qual o céu dedica um espaço só meu.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Não, o tempo não é a regência-mor do universo. O universo é movido a outra coisa. O univoerso é movido de... sutilezas delirantes? O menino é sabido. Ele é nefelibata... ;)
ResponderExcluirOra (direis) ouvir estrelas! Certo
ResponderExcluirPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac