(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Felicidade é busca

Acima de todos os mistérios que nos permeiam, aponta um letreiro de neon: "felicidade". Pisca mais forte, a medida que o bréu aumenta. É o afluente de todas as nossas águas. Também o é para o depressivo, pessimita. Esses pirraçam a falta de felicidade. Aliás, neles a felicidade se torna um peso tamanho, que é mais leve ser triste. Felicidade tende a ser obrigação. Os sóis de praia, as luas cheias-de-amor, tudo que deponta, no verde da mata, no azul do céu e mar, nos exigem um sorriso. Felicidade é busca. Alguns conhecem seus objetos de realização, outros seriam felizes se apenas soubessem o que é. Felicidade brota de uma ausência, uma incompletude. Saímos a caça da peça faltante. Mas será isso? A conquista, então, uma etapa rasa, que se esgota no prazer do alcance. Só. Depois, retoma o buraco, novas necessidades. Felicidade é obrigação, sobretudo a quem tem "dois braços e duas pernas". Mas exige definição, meta, disciplina. É prazer dos bem-sucedidos. Ou exige coisa alguma, um desprendimento total, um quintal com galinhas, árvores fruteiras, uma rede. Em parte, é uma pendência, futura ou pretérita. Um dia fomos felizes, um dia seremos. E de repente, nos engana, e não é nada disso. Se perfaz justamente na ausência presente. O querer que a rege pode ser uma seta, às vezes envenenada. Nos cisma em rumos que supomos realizantes. Mas nem tudo é questão de caminho, questão de querer, ou alcance. Talvez caia do céu o maná.

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