(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Do ano que se pede

Viram-se páginas, com a grafia ainda úmida. E correm tantas pendências, tantas promessas e esperas inevitáveis. O que se quer, se espera? É sempre alegria realizada. Ninguém pede tristeza, porque essa vem sem convite. Alegria é cerimoniosa, pressupõe tantos rituais. O que não se deseja, então? Tristeza, que nos brote, assim, sem causa. Um castigo, sem motivo, por azar. Alegria que nos enche, expande, exalta. Polaridade positiva extremada. Picos elevados, altitudes viris, alpinistas nos portamos. A tristeza nos afunda, submete a águas turvas, ao exercício sem fim das braçadas ou do disfarce. De que serve a tristeza? Nada, diriam muitos. Ensinamento, diriam outros. Mas tristeza não é, por fim, nada ou didática, é só tristeza, que nos embebeda, dá letra ao samba, e expõe os nervos. Tristeza, dos goles amargos, que serão inevitavelmente brindados. Mas abre o dia, a alegria! E o que se quer é luminosidade. Repele essa negatividade, que nos arrasa a vontade e o ego. Então o que se alegra é o ego? Talvez melhor querê-las em pacote, eis que siamesas. Ou querer coisa alguma, ser mais esperto. Pois a vida nos permite essa ausência pacífica.

4 comentários:

  1. show de bola rod... um grande 2009 para nós...

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  2. Rodolpho...eu te falei da minha tristeza? É ela presente...aqui. Pensei que fosse apenas minha...desse jeito...como vc descreveu...perfeito...aliás como vc...PERFEITO!!!!

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