(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ao velho causídico

"Advogado que não vai ao Foro todos os dias não é Advogado", dizia um professor dos tempos de faculdade. Com fulcro neste postulado, o velho causídico transita diariamente por diversas varas, secretarias e departamentos do Tribunal, mesmo em dia de sexta-feira, quando dificilmente encontra Juiz que lhe atenda. O velho causídico é poetinha das tortuosas doutrinas jurídicas, redigindo petições com expressões latinas e descobertas arqueológicas do vernáculo. Sobre a tribuna, desempenha técnicas de oratória persuasiva, em defesa de causas ganhas e perdidas, diante de uma sonolenta platéia de desembargadores e estagiários de primeiro período. Vez em quando, após uma dessas atuações que reputa veemente e brilhante, segue ao bistrô para sorver solitariamente uma dose de uísque, compartilhando seus feitos, eventualmente, com os garçons. Seu paletó grafite desbotado, a placa de seu escritório e seu cartão profissional formam sua identidade ostensiva. Ao uísque, compete todo o resto, em horas de vaguidão e angustia.

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