(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

terça-feira, 31 de julho de 2012

Sumidouro três

Imagem do Google

-Onde o Sr. mora?
-Próximo ao Sítio Barro Preto.
-Onde fica isso? Tem alguma referência, escola, igreja, posto de saúde perto?
-Não, não tem nada perto. Só pasto, algumas árvores distantes.

Há lugares sumidos, tão distantes da lembrança...
Lá, ou se vive o desalento ou se morre de inquietude.
Não se pode portar nem resquício das farras urbanas...

Nessa lonjura, os extremos são linhas de trem que se cruzam,
os limites mais severos de incomunicabilidade
convivem com a absoluta ausência de limites:

se as línguas não encontram ouvidos,
os olhos não esbarram em muros.

Sumidouro é terra do esquecimento;
esquece a ti mesmo, abandona teus pensamentos
então,uma meditação forçosa te tomará conta
como das vaquinhas-sagradas que pascem na colina.

A sabedoria não advém da perspectiva,
mas da capacidade de abandoná-la.

Um comentário:

  1. Tudo simples no lugar que a gente some.
    O silêncio é verde.

    Gosto quando você fala daí, Rodosho! Principalmente em dias como este, em que que peguei engarrafamento na ponte, agarrei a bolsa com medo do centro da cidade, vi muitos mendigos nos Arcos da Lapa.

    Beijos, querido.

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