(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

domingo, 29 de julho de 2012

Casa-da-vó

Era o maior reduto de liberdade e imaginação:
na casa-da-vó minhas unhas cortadas, numa caixa-de-fósforo, tornavam-se grilos
(só assim cortava as unhas)

Onde o empirismo me arrebatava,
estudando o exército de formigas na roseira...

Lá sempre nos visitava a Muda, vizinha do lado
muito falante (gesticulante)
a quem não se podia falar perto os assuntos mais sérios de família, pois logo caiam em domínio público...

Na casa da avó o arroz-com-ovo-mexido era diferente
pois a galinha botadeira era caipira
com malemolências especiais de sabores
(só assim comia)

os quitutes, os mitos, a ternura.

Quando hoje a visito, vejo que a casa se preservou igual, sempre um bolo sobre à mesa
mas a praça ao lado, a rua
correm numa velocidade absurda, com carros, prédios, fachadas de comércio...

Na casa-da-avó os minutos cursam outro tempo.

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