(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

domingo, 23 de novembro de 2008

Impessoalidade (Inspirado no bucolismo do Jardim Botânico)

As coisas mudam,
as essências ficam
dos aromas de xícaras de café
dos vizinhos de tempos de avó

Hoje nem se cruzam
falta tempo e argumento
Mas seguem unos em angustia
separados pela parede

Um dia, o vizinho atravessa carta,
debaixo da porta da vizinha
e o queixume achega doutro lado:

"Nos expomos em decotes,
e n´alma tão vestidos - só por estilo:
ah, nossos dramas nos reduzem ao nada metafísico!
Daí, não assumir o vácuo tem mais valia que convivê-lo?"

E agora passam-se: "bom-dia"
seguros que devem habitar seus vazios solitários
num edifício enorme de apartamentos
repleto de tantos vizinhos espistolares.

2 comentários:

  1. pela dor, pelo amor, pela sobrevivência. um dia a gente aprende a regra simples da matemática. tudo se torna menor ao ser dividido.

    (mas me repreenderia o poeta! tudo, exceto o amor - já que esse compartilhamos - melhor simbiose já inventada!)

    ah, já disse o quanto gostei da "fábula", não?

    =)

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  2. Sim, andamos muito centrados no proprio umbigo ultimamente. Todos muito perto e ao mesmo tempo, independentes.

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