(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O riso do Marido

O Marido já foi moleque que planejou micaretas, raves e afins; mas hoje ostenta uma aliança de ouro dezoito, comprada em bom preço. Nos nomes gravados, o Marido se recorda de tudo: da festa, da escolha dos padrinhos, do buffet, do vídeo de casamento...

A aliança é o signo de uma nova era. Para trás, fica um sujeito errante, de noites bêbadas e exageros com mulheres, que não cria em nada que se parecesse amor, até que chegasse Ela.

Ela, aquela, diferente de todas -ou igual às outras, em tempo diverso- a noiva é acessório de uma tragédia épica, que culmina no altar.

Hoje o Marido ri de si, ri dos outros, imagina a festa infantil com cachorro-quente, e autoriza-se, vem em quando, um reencontro com cerveja e amigos.

O Marido está transformado, sua marca é esse riso anasalado, de auto-escárnio. 

Quando ri, mesmo que não portasse aliança, todos saberiam tratar-se de um Marido.

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