(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Casas-de-veraneio

Quando era criança convivia com muitas casas de veraneio.

Em Teresópolis, há várias propriedades que passam semanas ou meses sem receberem visitas de seus donos.

Essas casas preservam uma força única nas paredes, nos jardins, nos móveis. Tudo, salvo plantas e insetos, conserva-se no mesmo lugar: mesas de jantar, lareiras pouco utilizadas, poltronas, cadeiras de varanda, vasos e tapetes.

Os objetos, embora ressintam serventia, descobrem sentido que ultrapassa a decoração: tornam-se os próprios habitantes daquelas casas vazias, sonhando festas repletas de comidas, crianças, namoros pelos cantos, brincadeiras e música.

Tanto espaço em aberto: linhas em branco para a poesia.

Hoje volto a Teresópolis e revejo as velhas casas-de-veraneio resistindo à dilúvios e estações, hábeis na arte de autossuficiência.

Recanto do Golfe, Rodolpho Saraiva

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