down_town, Rudolph Junger |
no olho do Centro da cidade
caminho em retrospectiva
faculdade ali, aculá estágio
na travessa a igreja Nossa Senhora do Parto, que geriu tantas intenções de êxito
nessa segunda-feira quente e dispersa
ouço, apesar de tantos ônibus, o vento arranhando folhas
e alguns passarinhos também
ouço, apesar de tantos ônibus, o vento arranhando folhas
e alguns passarinhos também
no mais alto prédio da Av. Almirante Barroso o sol de verão explode nas janelas
passeando em panorama, piso em sinestesias
a calçada onde pisou Dom João, segui eu garoto, pousou o passante
e tateio tudo isso agora
na ponta dos pés
a calçada onde pisou Dom João, segui eu garoto, pousou o passante
e tateio tudo isso agora
na ponta dos pés
sinto pontas agudas de trajetórias
enquanto isso, o relógio marca 40 graus e os minutos deste ano se exaurem
sou levado ao peso das promessas
ao crivo dos erros, acertos, perdas e ganhos
sou levado a me olhar, com barba ou sem, com cabelo neste ou noutro corte
ao crivo dos erros, acertos, perdas e ganhos
sou levado a me olhar, com barba ou sem, com cabelo neste ou noutro corte
enquanto isso as janelas do alto prédio trincam ao calor do ocaso
um arrebol tremendo mancha a cara dos passantes, como se estivessem todos iluminados
um arrebol tremendo mancha a cara dos passantes, como se estivessem todos iluminados
estão todos puros
restou tudo claro
restou tudo claro
uma força se pondo em algum lugar
cujo resquício esverdeia esperança
cujo resquício esverdeia esperança
há milhões de esperas
silenciosamente gravadas nessas caras passadas
silenciosamente gravadas nessas caras passadas
nelas, me vejo
dormitando a angústia súbita do novo
sobre fulgaz leito de pertencimento
pqp, mt booom!
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