(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

roça , fossa, bossa, bosta

Sumidouro, por Rodolpho Saraiva


Na roça, eu afundo na fossa.
Caminho até terminar a fiação elétrica;
depois, ao largo de escuridão
é tudo mato, tudo estrada, tudo-nada.

Estou a esmo no ermo
eu, só: eu mermo.
quase me esqueço onde, como cheguei... cá estou;
o que importa-
é alguma porta que me há de abrir
porque quero fugir;
(eis que não nasci- escapei do ventre)

Hoje recosto de novo nesse relento
já tão desinteressado dos causos de mãe-d´água
dos ribeirinhos que se perderam pra sempre
suas vidas, ex-casas...

Sou descaso disso, poeta apressado nesse tempo de prosa
dos bons-dias de horas...
"fica-mais-um-pouco"!

Não quero estar: sou partista.

De roça e fossa, que se dane tudo que não tem bossa:
-bosta!

3 comentários:

  1. Quando a vida precisa ser mais que paisagem...

    (Ai, esta poesia quase me desencorajou a fazer provas no interior, rs)

    Bjs, querido.

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  2. é uma perspectiva... bem realística, sem eufemismo, que qualquer urbanóide como eu sentiria... mas há outro lado da moeda: os recursos humanos (pessoas) desses lugares são incomparavelmente verdadeiras, acolhedoras...

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