(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

domingo, 5 de outubro de 2008

Rio da minha vista

Sinal Fechado, Rodolpho Saraiva

Há ônibus demais na Rua Jardim Botânico
Preso no engarrafamento!
Vem panfleto: tudo que não interessa.
Vem pivete: vidro fechado nem sempre resolve

[desse me defendo com mirabel puxado do porta-luvas]

Do alto do Leblon, suspiram rajadas
Embaixo do Leblon, escorrega-se tenso, feito o metrô que corta as entranhas dos morros
Naquele bar sempre lotado: em pé na rua, esperando o chope bem tirado
A gente engole o prazer de ser carioca!

No Arpoador, pára por instante
Ode do esquecimento
Vê a vida das ondas:
o surfista que vai e vem.

Em Copacabana aquela gente encolhida:
mais de dez numa cabina... com janela sai mais caro!
E tantas calçadas...
Com o rastro da solidão cã de apartamento!

Não subo o morro
porque o samba desce à lapa
Me morro de alegria saltitando ruas urinadas
Ao som da velha guarda

E Botafogo com cara de paulista?
Um mar de água parada
tudo pálido, cinza...
Tudo alternativo!

Na Barra da Tijuca
Aquelas maquetes todas:
De mini-Rio, mini-Miami...
mini-gentes passeando em áreas temáticas.

E quem já se explodiu num trem da central?
Num Maracanã super-lotado...
Haja roleta
Pra essa gente não se perder.

No Rio ou você é artista de novela, figurante ou telespectador.
Há sempre um flash cansado nessa cenografia toda...
Registra!
Esse povo enamorando, abraçando a Zona Sul!

Mas Rio não é novela: é cinema!
Cidade-de-Deus?
A gente pensa,
quando vê o Redentor de banda...

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