(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Poema nati-morto

Tua mudez denuncia
o quanto caibo no teu silêncio
passa venta, passa brisa
lá estás, que só espias
boca silente, mas olhos eloqüentes
doidos pra me berrar

E chega o tempo de incerteza:
de que vale toda beleza
sem um verso para ecoar?
[reivindica-se um suspiro
monossilábico, duma perna só...]

Mas tu te quedas impassível
contempladora insensível
do meu verbo sem par

E tu te calas tanto, tanto
Que não há razão alguma para poema
[sabes que é teu rebento?]
Nem fórceps, nem luta:
Eis poema nati-morto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário