(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

terça-feira, 14 de junho de 2016

lentes multifocais

Queria descrever tudo o que sinto. Talvez seja essa minha maior ambição em vida: traduzir a percepção íntima do mundo em construção minimamente concatenada. Se puder rimar, melhor ainda! Olho a cidade cheia de carros, andantes, ruas, calçadas, prédios. Por dentro, também enxergo esse trânsito, subo e desço andares e atravesso vias movimentadas. Tudo que há fora há dentro, em reflexo. Entre essas duas realidades, sinto-me uma película fina, um ponto tênue entre o que vejo e o que sinto. Um ponto de equilíbrio, sobre assentam duas realidades. Realidades que alternam átimos de regência, como fizessem uma gangorra. Em movimentos pendulares, ganham evidência pelos ares que adentram e saem. São ida e vinda, uma incansável alternância de olhares, mirando longe e perto. Diante dessas realidades, que seria de mim, então, sem minhas lentes multifocais?

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