(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

um dia crônico, uma crônica.

Era uma vez um dia crônico, em que se fez uma crônica. Ano de 2007.

Eu seguia de paletó, pelas ruas do centro da cidade, na degola de uma gravata, sem rumo.

Rosto escondido em óculos escuros... e plangendo copioso!

A primeira porta que me acudiu foi a da igreja de São José, onde acontecia uma missa monumental, de cânticos ecoantes que me incomodavam.

Adentrei aquele templo, alheio de toda crença, desnudo de qualquer fé.
Atravessei o altar em busca do atendimento do padre, um senhor bem velhinho, cujo semblante suscitava uma bondade inefável e ecumênica.

Rendido, sentei-me diante dele.
Eu era um homem de terno que somente soluçava.
E o padre pediu que me acalmasse, pois eu era um homem de terno.

Sem diálogo, bondosamente abriu a gaveta e me estendeu um livreto de catecismo.

Mesmo sem a palavra de alento que suplicamos durante a dor máxima, aquele gesto - o melhor que o vigário pôde supor - me afagou.

Então percebi que a vida explica-se num sentido tão particular que, muitas vezes, não nos convém compreendê-la.

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