ao olhar céu chuvoso e sem perspectiva solar
o quanto do meu pai carrego
na barba crescente com fio branco descontente
esperando afeitar
o quanto de minha mãe carrego
à mesma hora, ao mesmo frio e mesma xícara
o chá a calentar
o café da padaria velha, o chocolate amargo, Carly Simon na Farmácia, os medos, os sonhos de finais de semana, a jaqueta preta 80's old fashioned, os que m'olham como se a eles estivessem a buscar
não só em memória os carrego
há ancentralidade em cada DNA
a contar que sentiram, sentem ou sentiriam
o que pensavam aos 40
em cada virada de esquina,
no Rio frio,
com este poema a me cortar
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