(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

quarta-feira, 31 de maio de 2023

ancestralidade

o quanto dos meus pais carrego
ao olhar céu chuvoso e sem perspectiva solar

o quanto do meu pai carrego
na barba crescente com fio branco descontente
esperando afeitar

o quanto de minha mãe carrego
à mesma hora, ao mesmo frio e mesma xícara 
o chá a calentar

o café da padaria velha, o chocolate amargo, Carly Simon na Farmácia, os medos, os sonhos de finais de semana, a jaqueta preta 80's old fashioned, os que m'olham como se a eles estivessem a buscar

não só em memória os carrego
há ancentralidade em cada DNA
a contar que sentiram, sentem ou sentiriam
o que pensavam aos 40
em cada virada de esquina, 
no Rio frio,
com este poema a me cortar 

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