(qualquer verossimilhança é mera descoincidência)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

in_vasivo

fugindo de mim
talvez me encontre
em busca de alguma coisa

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

viajar é preciso

vivo para viajar
viajo para viver
sou passageiro
mas não espero uma vida pelo embarque à temida viagem
quero antes
muitas asas
que me espalhem
até cansarem
e só então 
pousarem
um exímio voador

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

ocaso

Imagem do Google


el sol baja
no por acaso
hay un ritual
cuyas razones son varias
incluso la más sencilla:
ponerte amarilla.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

nosotros

não somos nós
não somos outros;
um hiato entre mim e tu:
nosotros

sábado, 7 de novembro de 2015

unspoken

Imagem do Google


queria tocar teu silêncio
com garbo e elegância
sem ligeiro tom de assédio
minha palavra é intangível
porém dedutível:
o dito nada nos daria
além de ruído

cafézinho



Pausa. O mundo chove lá fora. Guarda-chuvas azucrinados de lugar nenhum a lugar algum. Todos em fuga, todos em busca. A saída não os leva ao fim. A chuva inunda ruas e calçadas, onde mendigos acolhem suas camas de papelão. No alto dos prédios, realidades sobrepostas: disque-pizza no primeiro andar, lanche em família no segundo, vazamento no terceiro, casamento desfeito no quarto, contas a pagar no quinto, espera de amor no sexto, enfermidade no sétimo, coma alcoólico no oitavo, telefone toca no nono. Sobre tudo isso, nuvens e, acima, estrelas ofuscadas, de sabe-se lá quando e onde.
Um fruto ocasional cai sobre o carro, fazendo estrondo, e rola sobre a calçada.
A chuva continua mais fina, arranhando a rua vazia.
Tudo isso acontece enquanto meu cafézinho esfria.

domingo, 1 de novembro de 2015

afinidades

ter o que dizer
depois do indizível
ainda que se acolha o silêncio

ter o que dizer
mesmo sem dizer
é sempre fundamental