Pausa. O mundo chove lá fora. Guarda-chuvas azucrinados de lugar nenhum a lugar algum. Todos em fuga, todos em busca. A saída não os leva ao fim. A chuva inunda ruas e calçadas, onde mendigos acolhem suas camas de papelão. No alto dos prédios, realidades sobrepostas: disque-pizza no primeiro andar, lanche em família no segundo, vazamento no terceiro, casamento desfeito no quarto, contas a pagar no quinto, espera de amor no sexto, enfermidade no sétimo, coma alcoólico no oitavo, telefone toca no nono. Sobre tudo isso, nuvens e, acima, estrelas ofuscadas, de sabe-se lá quando e onde.
Um fruto ocasional cai sobre o carro, fazendo estrondo, e rola sobre a calçada.
A chuva continua mais fina, arranhando a rua vazia.
Tudo isso acontece enquanto meu cafézinho esfria.
Ampliação da visão linda. Me lembrou o Budismo e a visão que vai saindo das bolhas de realidade autocentradas.
ResponderExcluir