Encontravam-se em devaneios longos, em um idioma de duas bocas, que sempre beirava um beijo.
Chegavam ao ultra-contato, transcendentes à métrica, aos perfumes, ao áspero.
Restavam-se por horas, até que se tornassem poucos, pequenos, quase-nada, ao longo dos prédios, do correr dos carros, da pressa dos andantes, dos movimentos estelares.
Ninguém ousava dizer "preciso ir", essa frase crudelíssima, cardiopática e dilacerante, e cuja dicção exige preparo do emissor e alheamento do receptor, um tipo de violência que não se coaduna com aquela película.
O tempo lhes passava ao largo, ignorado, pois aquela conexão não tinha hora marcada.
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